Thursday, May 08, 2008

Poucas antas, cada vez menos

Revendo, no terreno, as antas de Reguengos de Monsaraz...
Uma das antas de Vale Carneiro, localizadas numa das áreas com mais sobreviventes.


Anta 1 da Comenda, uma das felizes sobreviventes do grupo da Comenda.

...o resultado tem sido dramático, atendendo ao número de antas desaparecidas, nos últimos anos. Com base nos resultados da última semana, tudo indica que o concelho apresenta a mais alta taxa de desaparecimentos misteriosos (em muitos casos, o "mistério" tem a ver com a famoso vinho de Reguengos); de facto, o plantio das vinhas, precedido de surribas e despedregas sistemáticas, parece ser um dos principais responsáveis pela razia.
Conjuntos inteiros "faltaram à chamada", como é o caso das antas da Arraieira, ou das que deveriam bordejar a estrada Reguengos-Alandroal.
Das que resistem, uma parte considerável está em pior estado do que quando foram identificadas pelos Leisner, no final dos anos quarenta do século passado. É sobretudo notória a deposição de blocos adventícios (resultantes das despedregas) sobre os restos das antas.
Porém, atendendo ao carácter algo excepcional desta Primavera (a vegetação herbácea desenvolveu-se muito e dificulta a observação do terreno e a própria circulação. As searas de gramíneas, reflectindo a crise dos cereiais, cobrem, este ano, superfícies muito vastas.
Assim, é necessário continuar a procurar as antas aparentemente "desaparecidas em combate".

2 comments:

Rafael Henriques said...

A falta de sensibilidade demonstrada é um símbolo claro do país em que vivemos.
Será que ninguêm entendeu que a paisagem a tomar conta não é só a paisagem urbana?
Será que no campo se podem cometer todas as atrocidades que a lei não chega aí?
Não existe sensibilidade para pensar a paisagem fora da malha urbana? Esgota-se aí o esforço?
Há vida para lá do urbanismo! Ou não...

Artur said...

Na maioria das vezes não é de todo falta de sensibilidade, a realidade é que as pessoas estão mal informadas e estes atentados ao património arqueológico que é de todos acontecem por medo.

Os agricultores têm medo que lhes ocupem as terras por causa dos achados e pelo conhecimento que tenho a esmagadora maioria dos agricultores de Reguengos desconhece totalmente que só com autorização do proprietário é que se podem fazer escavações, ou até que na grande maioria dos casos em que se encontra algum vestígio arqueológico este não é suficientemente interessante para se efectuar uma escavação.

Sei de dezenas de histórias de vários agricultores que ocultaram ou destruiram achados arqueológicos devido a esse medo que as suas terras lhes fossem tiradas ou inutilizadas durante anos, infelizmente em Reguengos esta situação é muito comum.

Antes que tudo o mais desapareça, o que já se conhecia e o que ainda há por conhecer, e acredito que em Reguengos há muito por conhecer, é urgente informar a população que não têm que temer os arqueólogos. Penso que a presença da equipa do Manuel Calado é uma excelente oportunidade para isso, talvez até numa sessão pública em que se dê a conhecer aos reguenguenses a riqueza imensa que existe na sua terra, porque a maioria das pessoas desconhece a importância do património arqueológico no Concelho de Reguengos no panorama nacional e mesmo internacional.