Sunday, January 14, 2007

Alto de S. Bento: signs and traces from the past





E o Alto de S. Bento aqui tão perto...


O Alto de S. Bento é, desde que me lembro, lugar de visita obrigatória para qualquer eborígene que se preze e, nos últimos anos, assumido como o miradouro da cidade, tem vindo a ser requalificado aos poucos. Galopim de Carvalho viu o espaço como um geomonumento e o sonho tem vindo a ganhar asas.






Trata-se, provavelmente, do primeiro dos povoados pré-históricos da região a ser identificado.


Curiosamente, nunca ninguém, que eu saiba, fez menção a uma série de vestígios, evidentes na superfície rochosa, junto aos dois moinhos restaurados.


Já fiz, num dos posts anteriores, referência a vários aspectos:


1. Sulcos alongados, de secção em V, semelhantes aos que ocorrem normalmente associados a polidores de machados de pedra.


2. Uma linha sinuosa, picotada, nas traseiras do moinho mais meridional, que parece continuar debaixo do moinho.


3. 3 covinhas junto à porta do moinho mais setentrional.


4. Duas pias, com diâmetros da ordem dos 15 cm e 30 cm, respectivamente.


As duas pias apresentam um alinhamento sensivelmente E-W, têm as paredes verticais, escassa profundidade e são perfeitamente circulares; a maior apresenta um sulco, com cerca de 2 cm de profundidade, que sai da borda da pia e se dirige mais ou menos para Oeste.




A interpretação mais imediata, seria a de que se trata de pias para animais, como as que se vêm, com frequência, escavadas na rocha das "ruas" dos montes alentejanos. No entanto, nem a forma circular e muito menos com tal regularidade, são habituais nessas pias e o sulco seria completamente descabido para tal função.


Na verdade, apesar das distâncias e dos contextos, o paralelo mais sugestivo parece ser o petróglifo galego da Laxe das Rodas. Efectivamente, a morfologia (perfeitamente circular, de paredes verticais e com um sulco que sai da pia) e as dimensões parecem conjugar-se; o próprio contexto concorre para esta possibilidade, uma vez que parece haver outras manifestações pré-históricas, nomeadamente manchas de picotados que ocorrem junto dos sulcos acima referidos. As manchas de picotados, sem ordem aparente, são um elemento recorrente na arte rupestre do Alqueva e não só (recorde-se que no mais rico exemplar de arte megalítica europeia, os monumentos da Curva do Boyne, na Irlanda, os picotados soltos são recorrentes.


Por outro lado, o exemplar da Laxe das Rodas aproxima-se de um dos temas mais recorrentes da Arte Rupestre galega: os círculos, as espirais ou os labirintos com uma linha que liga o centro ao exterior da figura.


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